Log.Number.2021.06.14
Still here, nothing more, or less.
Hoje foi um daqueles dias que a gente gostaria de voltar no tempo e nunca ter acordado.
Dentre tudo o que ocorre hoje, o fato indiscutível é que essa pandemia tem nos colocado em uma grande panela de pressão, em fogo alto, apitando sem parar.
Sabemos que cada ação gera uma reação - segundo a mecânica newtoniana, proporcional e de igual intensidade, contudo, nesse negócio chamado pandemia, toda a reação parece que já começa de uma forma absolutamente desproporcional, exponencial, e quando você menos espera, você já pisou fora da faixa por pelo menos uns 10 kilômetros.
Talvez pq sentimentos não sejam corpos em movimento, e portanto, não podem se qualificar dentro de meras leis newtonianas, sentimentos ainda são mistérios que a ciência não conseguiu decifrar.
E quando se fala de sentimentos, tudo pode acontecer, e o duro de pisar fora da faixa é que não tem como apertar o CTRL+Z.
Simplesmente já foi.
Daí eu observo que:
Manter a sanidade não é mais tão simples.
Manter a calma já não é tão fácil.
Manter a coerência, isso sim, me parece impossível.
Hoje eu me perdi e me encontrei mais vezes do que eu consigo me lembrar.
Hoje eu falei e agi mais do que devia, e neste interim é bom saber e as consequências vem – sempre – a galope.
O que mais dói, é que em algum momento enquanto perdido em sua ira, transbordando em sua fúria e excitado por sua própria cólera, você para e percebe que machuca mais do que ajuda, que assusta mais do que inspira e que se afasta cada vez mais de quem você é, ou talvez, sendo bem honesto, de quem você já foi.
Mas será que somos só uma versão de nós mesmos?
Será que a cada dia, quando abrimos os olhos, ainda somos os mesmos, com os mesmos sentimentos?
Ou talvez sejamos apenas o resultado das exceções e situações frutos de nossas decisões e intempéries?
Quem sabe? Eu certamente não sei.
Hoje foi incrivelmente difícil me manter incólume em relação as investidas de minha própria sombra. Ela agia de forma tangenciada e certeira, sendo cada vez mais irresistível.
Cheguei a aceitar que não estaria aqui hoje escrevendo esse log, mas cá estou, me agarrando nos fiapos da realidade, e nas moléculas da esperança de que amanhã o sol ainda vai aparecer, sem me perguntar nada, simplesmente pq é de sua natureza compartilhar sua luz.
Sigo, cansado dessa montanha russa emocional, mas sigo, mais uma vez.
Hoje não posso dizer que venci, eu apenas estou por aqui, mas se você está lendo, então já somos dois, e que estejamos aqui amanhã novamente.
Segura de um lado que eu seguro de outro, como dira o dito. Eu posso pelo menos prometer mais uma dia, e que venha – se possível – nem que seja um de cada vez, uma batalha por dia.
[s]